terça-feira, 14 de dezembro de 2010

foi um sacrifício para o passarinho voar. de nunca usar as asas, elas pareciam mortas. e depois do abandono, ele mesmo sentia-se morto. e o silêncio e a solidão fizeram-no ouvir uma vozinha sussurrante que estava presa em seu interior. Mas ele estava tão inseguramente indefeso, que teve medo da vozinha ... e havia tanto tempo para ele gastar, mas sozinho? e sem saber voar? o tempo passou e cansado de nada fazer, o passarinho começou a bater as asas (aeróbica das aves). depois, sozinho, sem o olhar de ninguém sobre ele, pulou uma pedrinha. depois vieram tantas outras pedras, que ele poderia se inscrever como pulador de obstáculos nas próximas olimpíadas dos bichos... a grande superação aconteceu quando nem ele mesmo esperava: havia um rio, havia duas margens, e ele pensou que talvez pudesse transpassar o rio e não se molhar, talvez, as asinhas pudessem funcionar e quem sabe ... tremedeira, coraçaozinho acelerado, um, dois, um novamente, respiração ofegante, ele tinha asas, ele desde que se lembra era um pássaro , e tr ... tr ... três ... uooooopa ...não é que era tão bom? o ar acaricia o rosto! pensou-sentiu o passarinho e voava tão levemente, contente, agora sim inteiro! agora sim um voador! agora sim um pássaro de verdade!

(para lívia e joão)