domingo, 18 de outubro de 2009

entre nós:
apenas um espaço
apenas um tempo

Lírio no Jardim

terça-feira, 6 de outubro de 2009

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ancing Queen"

Era outro o tempo. De tudo, não sabia. De mim, ai de mim, não sabia.
Havia apenas a impressão de ser: levemente triste, levemente melancólica.
O que eu seria em alguns instantes?
Seria a primeira vez de muitas experiências:
A madrugada toda em festa. Amigos recentes. A primeira tequila e tudo e tudo transtornado. Tanta música a mover os corpos. Entre os rostos, nenhum nome.
Eu, adolescente, nunca mais criança.
Era o início da liberdade?
O que descobriria além da fumaça perfumada?
Porque eu era também cinza.
De repente: silêncio.
A fumaça e a tequila a queimarem em mim.
De repente: “Dancing Queen”.
Meu Deus!
Ela flutuava.
Os seus olhos eram verdes e a sua pele era dourada.
Meu Deus!
Seus olhos prendiam-me em uma imensidão cintilante.
Ela dançava.
Era a alegria fora de mim. Sim. Ela dançava todas as cores como rainha.
Para mim, uma deusa.
Em um relance, vi rapazes corarem.
Em um relance: Ela era ele? Eu era ele? Ela era eu?
Tudo transtornado: os meus olhos viam a rainha.
O menino transformado em rainha e eu transformada em menino?
Eu corei. Era o amor. Era o instante. Era a tequila. Era “Dancing Queen”.
Tanta irradiação. Eu já não era levemente melancólica. Eu era brilhante.
Foi a primeira vez. Ela sorriu. Ela era toda transformada em deusa. Ela era a alegria que ainda estou sempre a buscar.
Ela era ... fiquei comovida.
A beleza bota a gente comovida como o diabo. Mas eu não tinha lido Bandeira e não sabia que se podia chorar, sendo ... não sendo mais criança. Faltava-me linguagem para explicar que ela seria sempre a rainha dançando, em outro tempo, dentro em mim.